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Talvez sejamos a primeira geração jovem da arte no Brasil. Jovem no novo século. Jovem na quantidade de zeros dos anos 2000. Jovem na idade da entrada na FAAP, jovem nas primeiras participações em salões ou coletivas, jovem na primeira individual, na entrada em programas de mapeamento da arte, jovem na primeira venda, jovem na primeira fala pública, jovem nas drogas experimentais e jovem na primeira residência. Jovem nos agrupamentos, na coletivização de experiências. Jovem na primeira bienal. Jovem no senso crítico e na capacidade de resistência. Jovem no pensamento, jovem nos medos perante aquilo que aparenta ser maior que nós. Jovem na invocação dos riscos, mesmo consciente da existência deles. Jovem na invenção de um povo por vir. Tão mais jovem perante outros jovens, há que se procurar o mais jovem dos artistas para encontrar a fonte da juventude. Há que extrair da juventude a jovialidade retroativa. Elixir da renovação. Da arte jovem. Da jovem crítica. Do jovem curador. Da jovem instituição. Do mercado jovem. Do jovem Brasil em sua jovem democracia e jovem economia. Da jovem imprensa e da jovem universidade. Da jovem transa. Do ser jovem pai, de ter sido uma jovem mãe. Antes de tudo, os jovens filhos. A jovem história nacional, a jovem história da arte. Os mais jovens historiadores. E os jovens editores? Há também os jovens caçadores e os jovens agricultores. Dizem que há o jovem tomate. O marxismo jovem. As jovens apostas. A juventude como moeda. Há juventude como álibi. E, em breve, o precoce desaparecimento da juventude. E então haverá a primeira geração precoce da arte no Brasil. Precoce na idade da entrada na FAAP, precoce nas primeiras participações em salões ou coletivas, precoce na primeira individual, na entrada em programas de mapeamento da arte, precoce na primeira venda, precoce na primeira fala pública e precoce na primeira residência. Precoce nos agrupamentos, na coletivização de experiências. Precoce na primeira bienal. Precoce no senso crítico e na capacidade de resistência. Precoce no pensamento, precoce nos medos perante aquilo que aparentará ser maior que nós. Precoce na invocação dos riscos, mesmo consciente da existência deles. Precoce na invenção de um povo por vir. Tão mais precoce perante outros precoces, haverá que se procurar o mais precoce dos artistas para encontrar a fonte da precocidade. Haverá que extrair da precocidade o precocicismo retroativo. Da arte precoce. Da precoce crítica. Do precoce curador. Da precoce instituição. Do mercado precoce. Do precoce Brasil em sua precoce democracia e precoce economia. Da precoce imprensa e da precoce universidade. Do ser um precoce pai, de ter sido uma mãe precoce. Antes de tudo, os filhos precoces. A precoce história nacional, a precoce história da arte. Os mais precoces historiadores. E os precoces editores? Haverá também os precoces caçadores e os precoces agricultores. Dizem que haverá o precoce tomate. O marxismo precoce. As precoces apostas. A precocidade como moeda. Haverá precocidade como álibi. E, em breve, o desaparecimento precoce da precocidade. E então, com sorte, não haverá primeira geração, devorada pelo tempo que, logo cedo, há de passar despercebido.