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Assistindo aqui à entrevista que dei ao Dellani, fica bastante claro que, quanto menos tentamos responder a questões generalizantes sobre o lugar da arte e do artista na contemporaneidade, mais nos aproximamos de uma conversa interessante. Era necessário então abandonar questões que não nos pertenciam para conseguir falar qualquer coisa mais reveladora de quem somos. Falamos melhor quando falamos a partir de nossos interesses mais íntimos (lembrando que esses interesses nascem dos encontros).
De qualquer modo, assistir ao vídeo ativou em mim uma vontade de encontrar maior justeza entre a experiência íntima e a social, entre aquele que fala e aquele que ouve. Entre o que se quer dizer e o que se consegue dizer. Por isso, acredito que vale a pena alguns poucos comentários a mais:
– No início dessa conversa eu queria dizer “Sou um homem de cinema”. Eu sou do cinema e o que faço é cinema. Gosto dessa clareza de escolha e não acredito que ela seja redutora, pelo contrário;
– Essa clareza também é necessária para que cheguemos num ponto comum de onde possamos partir. Pelo menos no que diz respeito à elucidação (pensamento) sobre o que fazemos (arte);
– Por outro lado, percebo que só sinto a necessidade de dar nome à arte que faço (cinema) quando estou dialogando com outro ou então quando é com fim educativo;
– Criar obras de arte para meios (lugares) de “exposição” diferentes não muda em nada o cerne do ato criativo. Ou seja, um filme meu na internet continua sendo cinema;
– O que me parece essencial é achar uma forma de me manter aberto e curioso, guardando uma certa inocência jovial no momento em que me deparo com novas descobertas.
O que escrevo aqui é apenas uma ponta de um diálogo, incompleto e com suas contradições. A ideia aqui era a de reagir àquilo que tinha falado nessa videoentrevista, mas agora isso me parece sem sentido. É muito melhor que outros reajam. E que o diálogo se expanda.