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Conversa entre os viajantes Marcio Harum, Marcio Shimabukuro, Micheline Torres e Tatuí, realizada por e-mail entre setembro de 2010 e janeiro de 2011, a partir de cidades do Brasil, da França e da África.
TATUÍ_ Está claro que os deslocamentos de agentes do campo da arte ocupam parte relevante na economia da cultura e em suas estratégias de sociabilidade. Até que ponto, contudo, a (mera) mobilidade não seria, também, uma forma de especulação de valor dentro desse campo?
HARUM _ Se vamos mencionar o capital cultural, tento problematizar o tema com uma visão bastante particular à maneira da especulação do que concordamos nomear aqui nesta conversação como “mobilidade no mundo das artes”. Há um aspecto negativo, a meu ver, que se abate diretamente sobre a discussão da arte, do qual lanço uma pergunta, enfim: vocês saem satisfeitos aos ver tantas salas de artistas em megaexposições (muitos dos quais estiveram em residência ao longo do processo curatorial; como por exemplo a Bienal de São Paulo, só para citar a 29a como a última delas) que tratam sempre daqueles clichês locais para gringo ver? Sim, aqueles inúmeros trabalhos que mais caberiam talvez num colóquio de aborrecidas apresentações, no formato de painéis investigativos e com base em laboratórios sociológicos pessoais, óbvio que com tudo devidamente bem documentado. Vocês conhecem muito bem qual é o sentimento desapontado de replay ao se deparar com mais um trabalho igual a esses por aí.
MICHELINE _ Sentada no quarto-escritório do meu apartamento alugado no Rio de Janeiro, tenho dificuldade em me concentrar com este barulho do prédio em construção que sobe quase em frente à minha janela, tapando minha já saudosa vista do parque florestal do outro lado da rua. Sob essas condições e com o fato de que o aluguel certamente aumentará na proxima virada de contrato, afinal de contas Olimpíadas e Copa do Mundo vêm aí na Cidade Maravilhosa e o coco em Ipanema já custa R$ 4,00; diante deste quadro não consigo avançar mais nesta questão além de querer escrever aqui o termo “especulação (i)mobiliária em amplos sentidos”.
Porque me pego a pensar em territórios e em um avanço furioso e voraz sobre eles, como também no fato de que cada vez mais e mais o vocabulário econômico-capitalista-especulativo-acumulativo avança em todo e qualquer aspecto de nossa vida. Vocabulário não são apenas palavras, são modos de lidar com pessoas, fatos e processos. Isso, no plano da arte, significa também impossibilitar uma infinidade de “outros possíveis” (expressão do geógrafo Milton Santos).
Claro que não se trata de “fugir do mundo capitalista porque ele é mau e explorador”, ou de fazer “do mundo da arte” algo separado, claro, puro, ideal e mágico. Nada disso, somos adultos, pagamos nossas contas e aluguéis, produzimos arte e demandas de consumo várias, todos sabemos que as esferas se influenciam e moldam. Tá tudo no mesmo mundo, tudo juntoemisturado, como na música de funk. Trata-se sim de refletir (e experimentar) sobre maneiras de estar, transitar, absorver e ser absorvido (inevitavelmente) pelas mobilidades, as nossas e as que nos arrematam.
Como engendrar maneiras outras de colaborar, afetar e ser afetado, compartilhar e, dentro da conversa que travamos aqui, não apenas acumular carimbos em passaporte ou milhas no cartão ou territórios “explorados” em maior ou menor grau de profundidade?
É como se a questão “mobilidade na arte contemporânea” fosse apenas mais um terreno a se tomar de assalto e construir em cima, simplesmente um afã especulativo (i)mobiliário: construído, ocupado, vendido, passemos a outro território a conquistar. Também poderia ser “arte e política” ou “o impacto das práticas econômicas na produção de arte contemporânea”. Sim, ocupar, encher de conceitos armados de concreto e por aí se esvair…
Mas ok, nada de niilismo aqui e batida de cabeça na parede sobre as construções conceituais especulativas, mas quero ainda colocar a pergunta: como engendrar outros caminhos, outros modos de produzir, outros olhares sobre o que se faz? Caminhos menos esganados e afoitos por resoluções e mais interessados em respostas-trabalhos ou, melhor, trabalhos-perguntas.
E termino aqui sentindo que essa incitante e excitante conversa entre nós me coçou como o diretor de teatro Cacá Carvalho definiu o impacto nele dos escritos do diretor polonês Jerzy Grotowski: “palavras que servem mais para trabalhar do que para definir”.
SHIMA _ A mera mobilidade já é uma forma de especulação de valor.É estranho ver que uma passagem por qualquer lugar enverniza o artista com uma falsa aura de alguém que teve uma experiência construtiva, conscientemente ou não. Obviamente isso varia de artista para artista, existem outros que começam a desenvolver ideias e leituras já no guichê de embarque, outros desenvolvem projetos a partir do que foi coletado durante a viagem, mas nem todos obrigatoriamente produzem alguma coisa. O tempo vai revelando quem está trabalhando e quem não está. Esse tipo de verniz não dura muito tempo, cai por terra como a roupa invisível do rei. Cabe a cada um cumprir com o compromisso estabelecido e isso tem a ver com uma ética que não está na literatura, mas com uma conduta na vida.
Considero que a conduta de uma produção, ou de uma poética de trabalho, não seja necessariamente linear, mas radial, explodindo para todos os lados e nos possíveis espaços vazios. Nesse sentido, também, concluo que existam outras mobilidades não espaciais, outros movimentos que não são físicos, outras práticas que não necessitam de um deslocamento literal.
Recentemente, fui convidado para realizar performances em dois locais distintos, nos quais não poderia estar presente fisicamente. Propuseram a realização do trabalho em ‘telepresença’. De certa forma, eu estaria presente em Salvador e, dois dias depois, em Paris ou Londres, sem sair de casa. Só que eu não compactuo com a telepresença, por isso tive que declinar o convite. Ficou firmado para que quando eu passasse pela cidade, apresentaria algo presencial, e não ‘virtualmente’. Existe uma urgência em relação ao imediato, que muitas vezes faz com que a gente passe por cima do que a gente acredita para “estar lá”. Ultimamente tenho tido muito cuidado com esse tipo de procedimento. Tenho que lembrar-me de fazer uma coisa de cada vez, cada coisa ao seu tempo.
HARUM _ Pude conhecer de perto em 2010 um programa internacional de residências sediado na Ilha de Itaparica na Bahia, o Sacatar (www.sacatar.org). A característica mais marcante de lá é o simples fato de o grupo de residentes ter que aprender a conviver com a ‘imobilidade’. Ou seja: é uma lonjura de lugar, mas uma vez que se escolhe estar temporariamente como residente, não há alternativas, a não ser ter que trabalhar muitíssimo isolado numa ilha tropical distante dos apelos urbanos. E isso faz surgir todo o tempo do mundo para sua própria conduta laboral e/ou então sobra energia para aventurar-se através dos manguezais, morros e expedições praianas a cavalo, bicicleta e embarcações. Pode ocorrer ou não, com o afastamento absoluto de seu local de procedência, uma fértil temporada num endereço que funcione como gerador de ideias. É inegável que há muitas pessoas que frequentemente precisam ir para bem longe de seus lugares de origem a fim de alcançar nova mentalidade. Que eu saiba, Sacatar tem a precedência de tal mérito no país. O contraponto é o modelo de residência hype, situado em grandes centros por excelência, cidades específicas onde bombam os acontecimentos, quase todas as noites abre uma exposição interessante, a vida social é intensa e cansativa demais e, claro, faz o trabalho render pouco. É a típica situação onde tudo acaba parecendo que o dia a dia resume-se a somente quem vai querer te visitar e/ou te apresentar a quem e/ou a quem você vai querer ser apresentado o tempo todo. De outro lado, um relato que me chamou bastante a atenção recentemente, foi o de uma curadora de São Paulo que alugou anonimamente um microstudio em outro continente, como o possível ponto de partida para a sua mais nova pesquisa.
MICHELINE _ Espera aí.
Experienciamos muitas mobilidades: informacionais, imagéticas, narrativas, sonoras, sensórias… Tanto daqui pra lá, tomando ‘aqui’ como onde quer que eu esteja – o que me permite conhecer (limitadamente) outros locais e o que acontece nesses locais –, quanto de lá pra cá: as coisas que chegam em mim, dos lugares, das pessoas, das imagens, das informações. É claro que as mobilidades não aparecem assim, puras e claras, em seus sentidos. São mão dupla e cheias de ruídos pelo meio do caminho (mesmo que um caminho virtual). São como o trânsito no Peru: não existe sinal, existe buzina. A buzina serve pra sinalizar algum movimento feito, ou o que não fazer ou o que já está sendo feito, tudo assim do meio e ao mesmo tempo, vindo de muitas direções. A frase que me veio, uma vez estando lá, enquanto via doleiros vendendo dólar em pleno asfalto, era: “Venha para o mundo de Marlboro”.
Espera aqui.
Sempre penso sobre os que não podem viajar, não podem se deslocar. E sobre os lugares que não se deslocam, mesmo que sejam “carregados” virtualmente, imageticamente, narrativamente. Não subestimar a importância do local, no sentido mesmo do chão e do que vem em cima dele: as pessoas e suas relações, as casas, os passos que separam um espaço/contexto do outro e o tempo que levamos para percorrê-lo, somado ao que encontramos inesperadamente no meio do trajeto, os espaços físicos e suas divisões de poder e funções. Fazer, de uma escola, um ponto de cultura no meio da Paraíba, já muda o entorno em ondas propagadoras, mesmo que seja no tamanho de uma pedrinha jogada no açude. E não subestimar também o trabalho do tempo no lugar, estar lá e só. Percebendo a temperatura, velocidades, pontos de concentração. E o quanto você altera esse local, quer queira, quer não. Quer perceba, quer não.
TATUÍ _ E a ideia de deriva proposta por Guy Debord?
MICHELINE _ Percebo e me encosto à citação do Debord em seu trecho sobre “…rejeitar os motivos de se deslocar e agir… para entregar-se às solicitações do terreno e das pessoas que venham a encontrar”.
Procuro cavar tempo e espaço vazio em minhas deambulações lugares afora. Espaços e tempo para nada, só para estar lá. Mas sei que “derivar sai mais caro”. Porque demanda mais tempo, demandando mais dinheiro para estar, para parar, para “nada fazer de produtivo”. Também “sai mais caro” porque atenção,percepção requer envolvimento, algo que, algumas vezes, estamos desacostumados a empenhar. Ou, pior ainda, quando nos vemos fisgados por um regime de mobilidade-visibilidade-produtividade. Leia-se: programa de residência de uma semana com a EXIGÊNCIA de um produto final, qualquer que seja ele, apresenta um produto aí! Pra mim esse esquema fastartisticfood é embrulhaestômago e cilada vista do espaço, tal o tamanho dessa armadilha.
Lembrei do Francis Alÿs em seu livro Numa dada situação:
Lições da Deriva –
Primeira: sem barro não há texto
Segunda: sem paisagem não há conto
Terceira: sem solo não há sonho
SHIMA _ Partindo do princípio de que sou contemporâneo a um universo de valores e de situações, é impossível ignorar a ideia de deriva na construção do meu trabalho. Lido com o ambiente no qual estou inserido o tempo todo: o fluxo das pessoas, os engarrafamentos do rush, os ônibus lotados na hora da chuva e os trens vazios rumando para o interior. Tenho novas ideias a cada instante, não consigo perseguir um ideal apenas, o que me faz recorrer a blogs, diários e diversos cadernos de anotações que alimento constantemente e simultaneamente. O medo de perder alguma ideia me faz documentar praticamente tudo, em fotografias, vídeos, rabiscos, anotações e registros aparentemente sem sentido. Guardo uma infinidade de papéis em casa, que são folhetos, folders, catálogos, guardanapos e prospectos, coletados na trajetória do cotidiano. Frequentemente olho tudo o que está mais próximo e separo algumas coisas para jogar no lixo, mas estas ainda ficam reservadas para uma possível repescagem. Às vezes me arrependo de alguma coisa que eliminei. Evito caminhar sempre pelas mesmas ruas, apesar de fazer questão de passar por determinados lugares, dependendo do dia e da hora. Um trabalho pensado para ser uma instalação pode transformar-se em vídeo, ou uma fotografia pode tornar-se base para performance. Os objetos do cotidiano podem migrar para o campo das artes, assim como índices de literatura fantástica ou um trauma de infância. As escolhas não são necessariamente conscientes. De repente uma experiência cotidiana pode transformar-se em um trabalho de arte, provocando determinadas sensações e sentimentos das quais o artista já está consciente, mas o público não. (acho que a deriva pode ser encontrada em algum lugar deste parágrafo).
TATUÍ_ Como vocês concebem a ideia de nomadismo na atualidade? Acreditam vivenciá-la?
SHIMA _ Sim! No meu caso, trabalhando mais com performance, acredito na presença do criador no ato do trabalho. Tenho necessidade de ser autor e protagonista das minhas performances, por ter controle da situação, e poder realizar pequenas alterações no decorrer do trabalho, em função aos fatores internos e/ou externos. Penso que só quem conhece a obra no seu íntimo pode realizá-la, ou mesmo alterá-la. Logo, estive em pelo menos 100 cidades ao longo destes três anos de jornada artística, de Priotrkow Trybunalski, na Polônia, a Rio Branco, no Acre, passando por Okinawa, no Japão, e em Lisboa, Portugal. A cada ano que passa, depois que deixei o Recife (onde morei de 2004 a 2007), fico menos tempo na minha casa, em São Paulo (a casa dos meus pais). Não sei se penso que sou nômade: eu ‘estou’ nômade. Ao mesmo tempo, não sei se voltarei a São Paulo. É um ciclo: desloco-me para alimentar-me, todavia, preciso de um lugar para ficar, e digerir.
HARUM _ Me atreveria a pensar que o nomadismo na atualidade é o exercício consciente como resultado de movimentações e manobras que o indivíduo tem que fazer para sobreviver entre idiomas e culturas, entre estados e religiões, entre a geografia e a história – munido talvez de dupla cidadania ou vítima miserável de perseguições à clandestinidade, como a que vemos ocorrer nos últimos tempos na França de Sarkozy com os ciganos, na Colômbia com os refugiados internos e os sequestrados pela FARC, os ‘balseros’ cubanos lançados à própria sorte no Mar do Caribe ou nos EUA contra os imigrantes latino-americanos que tentam entrar ilegalmente pela fronteira mexicana.
MICHELINE _ “Os cidadãos europeus são aqueles que vivem ou trabalham na Europa. E se alguém vive ou trabalha na Europa apenas por um certo período de tempo, que tenha uma cidadania temporária. A nacionalidade não como uma questão de espaço – ligada ao território em que nascemos – mas uma questão de tempo – ligada ao lugar no qual, neste momento, produzimos, trocamos e estabelecemos relações AFETIVAS. Esta proposta teria o interessante efeito colateral de reconhecer que as “relações afetivas” como amizade, sexo, companheirismo, cooperação, são tão importantes quanto o casamento e podem ter o mesmo valor social. Substituir clichês mortos por necessidades vivas.” (Citação do Toni Negri que eu recolhi não lembro mais de onde).
SHIMA _ Como lidar com a situação de ser nômade? Como viver no nomadismo?
MICHELINE _ Sobre nomadismo, penso sempre sempre em imigração, emigração, clandestinidade, passaportes, visas, direitos, filas de aeroportos ou polícias, “sans papiers”, idas e vindas, o quanto isso custa, bolivianos, as perguntas que me fizeram na salinha para entrar no México, malas e sacolas rasgadas, as pessoas incríveis que conheci e seus lugares.
Aqui, e sobre nomadismo, eu queria montar uma fotosequência de uma passeata que “filmei” fotografando quadro a quadro em Paris, verão de 2010. É uma passeata dos “sans papiers”, os “sem papéis”, trabalhadores imigrantes que trabalham na França, pagam impostos, mas ainda aguardam a aceitação e regularização de sua condição de não francês, eles esperam seus papéis.
Aqui outra imagem do que penso sobre nomadismo (ou sobre a impossibilidade dele?). Vi numa exposição sobre artistas do Leste Europeu. É do artista Mladen Stilinović, de Belgrado.
TATUÍ _ Não são poucos os mitos e utopias ocidentais de entendimento pela língua, de Babel ao projeto falido do esperanto. Nesses, a homogeneidade de linguagem é vista como igualdade entre os homens, como aspectos fraternais de caráter evidentemente cristão… A “homogeneidade” atual, do inglês que serve de língua mediadora para o mundo globalizado, parece ter assumido toda a instrumentalidade do que outrora se colocou de modo utópico – igualdade estratégica e comercial (livre mercado). Até que ponto criticamos, até que ponto alimentamos tudo isso? Podemos ainda esperar da arte outras formas de linguagem face à tanto condicionamento a uma língua? Arte virou, mesmo, diálogo e mediação?
MICHELINE _ Se podemos ainda esperar da arte outras formas de linguagem face a tanto condicionamento a uma língua… Eu só posso dizer que isso é praticamente TUDO que eu espero da arte: outras formas de linguagem ou outras dobras de uma mesma linguagem… E digo isso mesmo que minha frase me cubra de um desespero salvacionista, mas não é isso, é crença na linguagem artística mesmo, com todas as suas contradições, atrelamentos, vontades de identificação e inevitáveis detonações de diferenciação.
SHIMA_ Eu não sei se estabeleço uma crítica ou alimento essa hegemonia linguística: o trabalho que desenvolvo necessita do contexto para se desenvolver. Logo, é impossível escapar desta estrutura, mas deixar-se pertencer a esta estrutura não é a única solução. No trabalho com a linguagem oral e escrita que muitas vezes acesso para escrever / transcrever / revelar, tento adaptá-los à realidade na qual ele se encontra: trabalhos em nederlands na Holanda, em nihongô no Japão, em português no Brasil, em vlaams e francês na Bélgica (Bruxelas), e, ironicamente, traduzindo tudo em inglês para meu portfólio na internet. O mesmo acontece com os títulos das obras, a maioria está em português, uma boa parte na língua nativa do local onde desenvolvi o projeto e tudo ‘traduzido’ para uma compreensão mais global. Não sei se adianta fugir desta estrutura, vejo como um mal necessário, e como um desafio também, desenvolver outras formas de linguagem que não estejam necessariamente associadas à língua, nem do idioma, nem da arte.
SHIMA _ Voltamos à época das coletas?
MICHELINE _ Sobre “voltar à época das coletas”, penso que já espalhei tudo por aí, como também não sei mais de onde peguei, roubei, emprestei, ganhei coisas. Autoria compartilhada, quer queira, quer não.
HARUM_ Let’s go PortuñolorMandarinnext time!?