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06:10 Numa cidade de interior, falsificação da pintura O Grito é deixada na porta do Museu de Arte Contemporânea local. Diretor da instituição procura perito para avaliar sua autenticidade. Esperança.
08:50 Edital nacional exige submissão de portfólios e projetos a partir da utilização de pseudônimos. Apenas artistas reconhecidos são premiados. Jovens artistas ironizam a exigência.
09:21 Diretor de museu, também artista, apresenta seu trabalho em mostra individual na instituição que administra. Não são feitos questionamentos.
10:00 Salão divulga premiados em seu website. Já no aeroporto, a caminho da cerimônia de premiação, artista é informado que a organização do evento cometeu erro na publicação do prêmio. Ele passa muito mal.
11:15 Com o objetivo de perpetuar “estilo” inventado, artista pergunta a grupo de críticos como fazer para criar uma “escola” e ter “seguidores”. O silêncio toma o recinto.
14:30 Em palestra, curador afirma ser “o centro do sistema da arte”. Artistas demonstram indignação.
16:03 Com argumento de perda de autonomia, crítico se incomoda com a presença de colega de mesma procedência regional em comissão de seleção. Reserva de mercado.
16:11 Programa nacional de formação em arte realiza curso de história da arte contemporânea em pequena cidade. Grande parte dos artistas naives do local abandonam suas poéticas e passam desesperadamente a fazer anacrônicas instalações. Efeito colateral.
16:23 Publicação de crítica de arte desiste de por em debate gestão de museu por temer retaliação de seu gestor. Covardia.
17:50 Instituição erra cálculo na pontuação de projetos submetidos a edital nacional e deixa de premiar artista que havia sido unanimidade da comissão julgadora. Membro da comissão o parabeniza pelo prêmio, percebe-se o erro e este é corrigido a tempo. Sorte.
18:07 Num seminário, reconhecido curador, localizado entre o público, envia bilhete a jovem curador participante de mesa de debate incitando-o a provocar outro curador reconhecido presente na mesma mesa. À noite, umingênuo encontra o bilhete no chão de um bar. Decepciona-se.
19:13 Crítico voluntariamente organiza sessões de leitura de portfólios. Ao folhear portfólio de jovem artista, diz-lhe enfaticamente que jamais “apostaria” nele. No mês seguinte, participa de comissão que o seleciona para realizar exposição. Mudou de ideia.
20:31 Com o argumento de sempre preferir “as conversas em petit comité”, curador encerra caloroso debate entre convidados e um entusiasmado público.Distinção social.
21:10 Patrocinadora de Salão pede a curador geral que retire prêmio aquisitivo de artista cuja obra aludia à prostituição. Ela o fora.