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Muitas e boas
Se “figurinha repetida não completa álbum”, é indiscutível que “piada repetida, quando bem contada, é sempre de fazer rir”.
Foi assim que me senti ao ter acesso aos panfletos do “Humor Terapia”. Lá contavam os “Primeiros Socorros Contra Momentos Desconcertantes – PSCMD”. Não são poucas as ‘tiradas’ engraçadas acerca dos, digamos, ‘híbridos contemporâneos’. Na crista da onda, o ‘deslocamento do sujeito’, o ‘local e o global’, a ‘nebulosa pós-moderna’, dentre outros. São construídos discursos referentes às produções visuais dos nossos dias que, mesmo sob sólidos e fundados pilares de racionalidade e empirismo, é impactante até para ‘iniciados’, os quais não deixam de rir de uma nova velha boa piada bem contada sobre o estranhamento (vocábulo também na crista da tal onda) dos dias em curso.
O panfleto, trazendo didáticas ilustrações ‘quadrinescas’, introduzia-se ao transeunte pelos dizeres: “prestará os primeiros socorros aos leigos em artes plásticas, já que essa semana estará acontecendo o SPA, a Semana de Artes Visuais do Recife”.
De modo descontraído e despretensioso me chegaram as “instruções” ali trazidas. Dei-me a gargalhar, pois, pela qüinquagésima centésima primeira vez ria de mim mesma, recordando de muitos momentos (passados, presentes e certamente futuros).
Por fim, uma advertência que não poderia ser outra: “O Humor Terapia adverte: Os primeiros socorros são apenas a primeira ajuda a ser dada a vítima. Eles servem para aliviar a dor e estabilizar o estado da pessoa, mas não servem como tratamento ou cura. Se os sintomas persistirem, procurar o artista mais perto de você”.
Perfeito! Ainda mais quando a cura certamente viria nos próximos séculos com a pílula “to understand contemporary art”, que, aliás, já existe e, ao menos a que eu conheço, é produção de uma artista contemporânea canadense, cujo nome não me recordo. Mas podem perguntar a Moa, ele conhece esse trabalho.
Poucas, mas não sei se boas
Já o ativismo político deixou muito a desejar. Parece que o mérito mesmo ficou por conta do ‘Desativismo Político’, de Lia Letícia. É que, recordando das indicações selecionadas pelo SPA 2006, percebi como me frustrei com ‘Politicagem no Recife’, de Malysse e Novaes. Na programação oficial do evento eu havia lido a seguinte sinopse: “ao se candidatar a uma campanha artística, MALYSSE (20) contra NOVAES (07), colam em diversas paredes lambe-lambes para serem deixados na cidade durante o período pré-eleitoral, em diferentes bairros. Na construção visual do trabalho, as cores, as caretas, os gestos expressivos e os slogans invadem num instante a mente do público”.
Realmente, de duas uma: ou eu habitei a cidade em um universo paralelo aos ‘gestos expressivos e slogans que invadem a mente do público’, ou é porque não deu mesmo. Não presenciei qualquer distribuição ou afixação de cartazes. E, acrescente-se, por falta de cartazes é que não foi, pois estavam (aos montinhos) no chão do hall do Edifício Western… Pareciam implorar uma divulgação. Bom, desculpem a franqueza, mas, se houve algum problema de percurso na execução, não fiquei sabendo, nem eu nem ninguém a quem eu perguntei.