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Peraí, deixem-me pensar. Hum… tem aquele trabalho de… não. Definitivamente, não. Ah, mas, aquele outro trabalho dele eu gostei, sim! Pois é. A proposta é falar de uma obra da qual eu goste. E é claro que gosto de muitas. Mas, a questão é: do que eu gosto?
Poderia fazer uma lista com os títulos de vários trabalhos artísticos que aprecio — e matar, assim, a curiosidade de muita gente — mas, prefiro deixar claro (de maneira resumida e respeitando o espaço que me é oferecido) o que de fato gosto e o que não gosto.
NÃO GOSTO:
– de artistas que pensam que podem fazer qualquer coisa, de qualquer jeito, e ainda por cima, de última hora.
– de artistas que, ao receberem prêmios para desenvolverem projetos artísticos, acreditam terem finalmente tirado o pé da lama e usam o dinheiro para viajar (ou qualquer outra coisa) em detrimento do desenvolvimento do projeto.
– de artistas que não cumprem prazos por não terem uma postura responsável, profissional e respeitadora.
– de obras ruins que são conseqüências das atitudes citadas acima.
– da postura politicamente correta adotada – quase que unanimamente – por artistas, amigos de artistas, curadores, críticos e público em geral que se negam a levantar questionamentos sobre obras visivelmente ruins e pior: ainda insistem em defender artistas que adotam as atitudes citadas acima.
GOSTO:
– de trabalhos que demonstrem que o artista se debruçou (aprofundando-se) sobre as questões que deram origem às obras.
– de obras que falem por elas mesmas, através de sua plasticidade, e que independam de um discurso pirotécnico feito por curadores ansiosos por justificarem mais seus empregos do que suas escolhas curatoriais.
– de todos aqueles que têm coragem e ousadia de assumirem seus posicionamentos críticos, mesmo sabendo que irão desagradar a muitos (incluindo aí: amigos, pessoas que podem lhe favorecer em alguma coisa, políticos, etc.).
– de artistas que vêem na crítica negativa (quando bem fundamentada) um motivo para reflexão sobre suas atitudes e escolhas artísticas.
– de críticos que se preocupam em levantar questionamentos, contribuindo assim para o fomento do debate sobre o mundo da arte e que não receiam, com isso, perderem os tão almejados convites para escreverem textos que, de tão apologéticos, cuidam apenas de legitimar o artista sem questioná-lo.
Pois é. Como acredito que já tem gente demais fazendo o papel politicamente correto de justificar trabalhos e artistas, buscando sentidos em obras muitas vezes naturalmente sem sentido, prefiro agarrar com toda a força e coragem o papel de ser o limãozinho nessa salada de frutas que é o mundo da arte contemporânea. Vou ficar devendo a lista…